Seja você um fã de animes, filmes, games ou livros, tenho certeza que, assim como eu, experenciou as melhores sensações possíveis no início desse hobby. A possibilidade de conhecer infinitas novas histórias e pontos de vista diferentes me deixaram animado e ansioso para explorar mais como nunca antes. Mas, ao descobrir os meus gostos e obras favoritas, perdi esse brillho no olhar e me tornei mais exigente, talvez, ou melhor, muito provavelmente por não ser mais um adolescente.
Porém, é fato que, desde então, fico acompanhando as temporadas a procura de um anime que não seja apenas bom, mas que, assim como aqueles que me tocaram no ínicio, me faça pensar sobre a vida e minhas atitutes. No fim, sempre acabo me frustrando e, em todo final ano, me perguntando: "Qual foi a última vez que uma história me comoveu?" Finalmente, em 2023, vou poder passar a virada sem essa dúvida, já que estreou a primeira parte de "Frieren e a Jornada para o Além", uma das animações mais singulares e bem feitas de toda a história.
Imagem:Shogakukan/Divulgação
Na narrativa escrita por Kanehito Yamada, somos levados para um universo mediaval que está finalmente em paz, após um grupo de quatro aventureiros derrotar o rei demônio. Tal grupo, que era formado por Himmel, Heiter, Eisen e Frieren, decide se separar após sua grande vitória, mas com a promessa de que se reencontrariam em 50 anos. A maga Frieren, então, segue sua vida tranquila e calma até reencontro. No entanto, enquanto não mostra sinais de envelhecimento devido à sua origem élfica, Frieren vê que seus amigos já são idosos e, infelizmente, presencia a morte de Himmel. Diante disso, ela se sente extramente arrependida de não ter passado mais tempo com ele e decide que tentará conhecer melhor as pessoas em uma nova jornada.
Como é possível ver, a premissa, por si só, já é bem interessante. Ao invés de criar uma história de aventura comum sobre um grupo de heróis que irá derrotar um mal maior, o autor decidide contar algo mais pessoal. Para isso, a partir do ponto de vista de Frieren, Yamada desenvolve, de maneira magnifica, uma narrativa sobre como o tempo molda as relações humanas. Nós assistimos e aprendemos, junto da maga, como cada simples momento de nossa vida é muito valioso e que deve ser lembrado. É por meio dela que nos é mostrado como que a morte, por ser tão triste e assustadora, intensifica nossas relações e nos transforma em humanos.
Imagem:Shogakukan/Divulgação
Mas apesar de ser ótimo, não é só o material original que faz "Frieren e a Jornada para o Além" ser especial, e sim tudo relacionado à série. O design dos personagenes, as cores, a animação, a dublagem e outros diversos detalhes me deixou imerso dentro daquele universo fantasioso. A cada episódio, nos aproximamos e começamos a nos importar mais e mais com cada personagem. Nós sentimos o peso de cada diálogo ou cena e, assim como Frieren, não vemos o tempo passar. E isso também é graças ao ótimo trabalho da equipe do estúdio MADHOUSE (Death Note) que, junto da direção de Keiichirou Saitou (Bocchi the Rock!), do roteiro de Tomohiro Suzuki (One Puch Man) e da trilha sonora de Evan Call (Violet Evergarden), não só fizeram uma ótima adaptação em anime, como também conseguiram elevar o nível do mangá.
Mesmo que só um arco tenha sido transmitido até o momento, "Frieren e a Jornada para o Além" já mostrou ser especial. É raro encontrar animações que conseguem transmitir a sua mensagem tão bem e construir personagens tão amáveis, ao mesmo tempo que mantém uma qualidade técnina alta, como esta. E, antes que você fale, eu sei muito bem que posso me decepcionar na segunda parte, que estreia em 6 de janeiro, mas esse anime é tão precioso, que senti a necessidade de falar sobre.